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Faroeste nordestino “Terra Devastada” é exibido no Circuito Penedo de Cinema

Publicada em: 12/11/2025 12:20 -

Diretor maranhense Frederico Machado participou da sessão e destacou a conexão entre o filme e o interior do Brasil

O silêncio da caatinga, o som de passos na terra seca, e um clima de tensão que atravessa gerações. Foi com essa atmosfera que o longa-metragem Terra Devastada, dirigido por Frederico Machado, ocupou a tela do Cine Penedo na terça-feira (11), dentro da programação da Mostra de Longa-Metragem Nacional, da 15ª edição do Circuito Penedo de Cinema.

Realizado no interior do Maranhão, o filme aposta na linguagem do faroeste para contar uma história de vingança marcada por conflitos fundiários, violência e resistência.

Presente na exibição, Frederico Machado, diretor do longa, comentou o simbolismo de apresentar a obra em Penedo, logo após sua estreia na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, realizada em outubro. “Essa é a segunda exibição pública do filme. A escolha por Penedo foi muito acertada porque este é um festival que respeitamos profundamente. Ele tem uma ligação com a cidade, com o povo, e com esse cinema mais autoral e independente que eu acredito”, afirmou Frederico.

Reconhecido por trabalhos de forte densidade poética como Litania da Velha (1997), Lamparina da Aurora (2017) e Boi de Lágrimas (2019), o cineasta maranhense explicou que Terra Devastada representa uma mudança de perspectiva em sua carreira. “Meus filmes anteriores eram muito ligados à poesia do meu pai, o escritor Nauro Machado. Eram obras mais existencialistas e psicológicas. Agora, eu quis dialogar com um público mais amplo, me apropriar de um gênero conhecido, o faroeste, e traduzi-lo para a realidade do interior do Brasil”, contou.

Mesmo sem nomear diretamente a geografia onde se passa, o longa carrega a paisagem e as marcas do Maranhão, sua terra natal. O diretor, que passou parte da vida no Rio de Janeiro e retornou a São Luís para produzir cinema, revela que viu no faroeste uma linguagem potente para abordar temas que atravessam a história do país.

“Trabalhar esse gênero foi a maneira que encontrei de falar de algo muito real, os cercamentos de terra, a disputa violenta por território e a dor que se perpetua entre famílias e gerações. É um filme duro, mas necessário”, pontuou.

Com fotografia marcada por tons quentes, ritmo cadenciado e interpretações intensas, Terra Devastada se insere num movimento ainda tímido no cinema nacional, o da ressignificação do western a partir de narrativas e geografias brasileiras.

“É um faroeste pequeno, nordestino, feito com recursos limitados, mas com muita entrega coletiva. Um cinema que vem da terra, com cheiro de pólvora e poeira, mas que também fala de afeto, identidade e pertencimento”, disse o diretor.

 

Foto:Adriano Arantos

Vanessa Siqueira/Assessoria Circuito Penedo

Agência Alagoas

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